Pequeno guia virtual para ansiosos e angustiados
A saúde mental virou a bola da vez na internet (ainda há alguém sereno e equilibrado a essa altura do campeonato?). Mas como identificar fontes seguras entre tantas informações desencontradas? Nossa editora Vivian Whiteman mostra o caminho.

Bem antes da chegada do novo coronavírus e da Covid-19, o Brasil já ocupava lugar de destaque nos rankings de ansiedade organizados pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Em 2019, 18,6 milhões de brasileiros, cerca de 9% da população, se queixavam de algum tipo de transtorno desse tipo.
Com a evolução da pandemia, a situação vem piorando. Mortes, incerteza política e crise econômica são fatores importantes nesse contexto, que vem sendo monitorado por uma série de grupos. Aumentos de até 80% nas queixas de angústia e ansiedade estão registrados em levantamentos como o realizado pela UERJ em 23 estados, com 1.460 pessoas, entre março e abril de 2020. Embora abertas a questionamentos, essas pesquisas confirmam o que está sendo notado na prática em serviços públicos, consultórios e relatos nas redes sociais.
Falar do universo espremido pelo termo saúde mental já vinha se transformando em uma espécie de “trending topic” nas mais diversas mídias. O que, é claro, ficou ainda mais agudo com a pandemia. Se, por um lado, isso é legal, por dar destaque a temas importantes, por outro, os mecanismos de busca trazem resultados-bomba, que incluem de click baits, receitas de curas e práticas milagrosas a links com informações incorretas.
E é por isso que vamos fazer aqui um roteiro básico com descrições, fontes e vídeos para tirar suas principais dúvidas sobre ansiedade em uma thread de confiança. A ideia é falar dos chamados transtornos de ansiedade em termos gerais, mas também relacioná-los com a pandemia e suas questões.
Como aqui está uma espécie de miniamostragem sobre o tema, feita com meu recorte, acho que vale contar sobre minha relação com a ansiedade e a psicanálise.
Cheguei à psicanálise, como milhões de pessoas, pelas mãos da angústia. Da minha, no caso. No decorrer das sessões e nos consultórios dos analistas que estiveram comigo, encontrei um caminho que não me era imposto nem mesmo oferecido como conselho. Dali ia surgindo algo de meu, que eu construía com a ajuda do analista.
Comecei a ler sobre o assunto. E fui me apaixonando pela teoria e pelo processo da análise. Sua falta de promessas furadas, seu lado insurgente, os grandes textos da teoria e da clínica. Foram anos de cursos livres, entrevistas, leitura incessante, palestras, encontros. E depois decidi fazer a formação em Psicanálise. Mais três anos que, na verdade, são apenas o começo de uma vida que precisa se dedicar ao estudo da teoria e à clínica. Nunca parar de estudar, seguir a própria análise, estar sempre sob supervisão e trocar com nossos colegas são requisitos permanentes pra estar nesse caminho.
Comecei a atender em 2019, entrei para um grupo que oferece escuta a militantes de movimentos sociais, recebi pacientes com histórias muito diferentes desde então. É um aprendizado diário, que exige muita humildade, aquela de não achar que sabe, de não achar que tudo entende, a de ouvir tudo como novidade, mesmo tendo as bases da teoria como guia.
Tudo isso me fez rever muitas coisas, inclusive minhas atividades como jornalista. Respeito muito o lugar e os limites de cada trabalho, pensando, porém, que eles possam se enriquecer mutuamente, sempre dentro dos parâmetros éticos necessários.
E agora chega de mim, vamos retomar o fio do tema:
Assista aos vídeos indicados nesta matéria:
Para pais em quarentena | Christian Dunker
www.youtube.com
Medo e Angústia | Maria Homem
www.youtube.com
A ansiedade tem saídas pela psicanálise? | Christian Dunker | Falando nIsso 27
www.youtube.com