Conversamos com Pierre Aulas, o nariz por trás da O.U.i.
A nova marca do Grupo Boticário inspira uma viagem olfativa pela França. Descubra mais sobre suas fragrâncias aqui.
CONTEÚDO APRESENTADO POR O.U.i Paris
Savoir-faire é uma expressão francesa que quer dizer algo como “saber fazer”. Em geral, os nascidos no país usam a expressão quando se referem a produção nacional de alguns artigos que somente a mão francesa é capaz de executar com maestria absoluta. A alta-costura, por exemplo, é um dos casos. A perfumaria, também. É por isso que o Grupo Boticário decidiu criar a O.U.i ao lado de Pierre Aulas, na França. Trata-se de uma marca de alta perfumaria que também conta com produtos para corpo e banho 100% inspirada no estilo de vida descomplicado e sem culpa e no savoir-faire parisiense que ainda é cruelty-free, vegana e tem embalagens refiláveis. Não à toa, a sigla que dá nome ao projeto significa “Original, Unique, Individuel”.
“Eu não nasci em Paris, mas moro aqui faz 25 anos”, diz Aulas, o diretor olfativo dessa nova investida que já desenvolveu perfumes para marcas icônicas como Thierry Mugler, Azzaro, Chloé, Marc Jacobs e Lacoste. “Sou do sudoeste da França e tive a oportunidade de passar a infância perto da natureza, sentindo todos os seus cheiros”, celebra. Seu trabalho é dividido em duas partes: de um lado, ele ajuda as marcas a entenderem o que desejam para os seus próximos lançamentos, de outro, ele auxilia os perfumistas da casa a traduzirem esse universo em fragrâncias. “No caso da O.U.i., estou um pouco mais envolvido nos processos do que normalmente. De alguma forma, eu sou o guia desta viagem olfativa por Paris que queremos evocar com a marca”, afirma.
Essa tour que começa por Paris e promete, em próximas coleções, se expandir para outras regiões da França, chega ao Brasil em uma linha com sete fragrâncias do tipo eau de parfum (são quatro femininos e três masculinos), uma linha chamada Jardin de Grasse (que aparece nas versões eau de parfum com acorde cologne, sabonete líquido e em barra e creme para mãos), um batom vermelho (o favorito das francesas) e uma linha de cremes e loções para o corpo.
“Todos os perfumes são inspirados na vida parisiense. O Madeleine 862, por exemplo, faz alusão ao docinho francês. Por isso, virou um perfume gourmand: tem jasmim, baunilha e caramelo”, exemplifica Aulas que coordenou uma equipe brilhante de perfumistas que conta com nomes como Olivier Cresp (Issey Miyake, Cacharel, Loewe), Fabrice Pellegrin (Lancôme, Kenzo, Jean Paul Gaultier), Nathalie Lorson (Bvlgari, Chopard, Dolce & Gabbana) e Amandine Clerc-Marie (Viktor & Rolf, Bottega Veneta, Marc Jacobs). Para descobrir mais sobre sua carreira, leia a entrevista abaixo e não esqueça de conferir todos os lançamentos da O.U.i. no site da marca.
Quais são as suas primeiras lembranças olfativas?
Tenho três que são bem importantes. A primeira é o feno recém-cortado, pouco antes de ser servido às vacas. A região em que eu cresci é famosa pelo seu queijo, tinham muitas vacas por lá. Por isso, outro cheiro, por mais estranho que seja, é o de esterco. (risos) Tem algo de animálico ali que, por alguma razão, me agrada. O último é um não-cheiro que, de tão puro, é quase um cheiro em si mesmo. É a lufada de ar puro que respirava em cima das montanhas. Aquilo lava o nariz, limpa tudo!
Antes de mergulhar na perfumaria, você trabalhava com marketing e design, como foi essa transição?
Na época em que trabalhava com design, o fazia para uma grande varejista francesa que tinha cosméticos em seu catálogo. Uma vez, eu tive que ajudar a criar uma essência para um gel de banho. Por isso, encontrei com alguns perfumistas que me disseram que eu levava jeito para a coisa. Eis que fiz o teste olfativo e descobri que, de fato, tenho uma percepção bastante aguçada. Assim, fui para Grasse, a capital da perfumaria no sul da França, e fiquei estudando lá por cinco anos. O legal é que a formação em marketing me ajuda muito a entender com que público queremos falar quando fazemos um perfume. É mais fácil traduzir as ideias para os cheiros com a ajuda desse background.
Como traduzir o espírito francês em perfumes para brasileiros?
Foi bem interessante. Primeiro, prezamos pelo savoir-faire. Deixamos claro que queríamos criar fragrâncias de alta qualidade. Claro que respeitamos o gosto brasileiro por algumas famílias olfativas como fougére (no caso da perfumaria masculina) ou os florais frutados (que fazem sucesso na seção feminina), mas tentamos sempre colocar um toque francês. Há sempre um elemento que foge ao adocicado, ao gourmand. Na maioria dos casos é um chipre, que forma um acorde muito querido aqui na França.
@o.u.i.paris
No Brasil, as colônias, em geral, são entendidas como perfumes mais “baratos”. Como foi apresentar para o público brasileiro a ideia de uma colônia de luxo?
Aqui na Europa não é tão diferente assim. A colônia é percebida como algo que você pode comprar no supermercado, algo mais simples. Mas, alguma coisa aconteceu na França, principalmente nos últimos 20 anos, que o mercado da perfumaria entendeu que era a hora de virar o jogo da colônia. A Mugler investiu nesse mercado em 2000, a Dior, depois, chegou com cinco colônias que fazem sucesso até hoje… De todo modo, ficamos muito surpresos que, no fim das contas, a nossa colônia (Jardin de Grasse) é um dos itens mais vendidos da coleção de lançamento. Mesmo sem a tradição de colônias, os nossos clientes brasileiros abraçaram esse hábito francês. Principalmente pelo fato de o Jardin du Grasse ser um eau de parfum e não um eau de cologne. Ele tem a concentração, potência e fixação do eau de parfum + um acorde cologne que é superclássico, mas que, nesse contexto, traz um toque de modernidade.
Além de perfumista, você também é cantor de ópera. Como a música influencia o seu trabalho?
Acho que isso é muito importante. Ser um artista que não trabalha só em uma área me ajuda a entender que a inspiração pode vir de qualquer lugar. Há muitas pontes entre a música e a perfumaria, por exemplo. Tanto em uma quanto na outra falamos sobre notas, acordes… É o mesmo vocabulário. O perfume é como se fosse uma sinfonia.
Por fim, a O.U.i. nasceu em um contexto de pandemia trazendo a ideia de uma viagem Brasil-França que, por hora, não pode ser realizada no mundo físico. O que esperam para o futuro?
Foi realmente muito triste lançar a marca durante um período tão triste da nossa história. Eu realmente espero que, mesmo com todas essas adversidades, as pessoas consigam perceber o amor e o carinho que colocamos em cada um dos itens da O.U.i. Tentamos ao máximo criar uma ponte respeitosa entre Brasil e França e, no futuro, vamos seguir falando de outras regiões do nosso país. Não só de Paris. Ainda há muito a explorar!
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