Moda e cultura drag
Já está no ar a sétima temporada do RuPaul's Drag Race All Stars, a competição de drag queens comandada por aquela que também é conhecida como mãe das drags. Nesse episódio, a gente aproveita esse gancho pra falar dessa relação simbiótica entre essas performers e a moda.
Nada de provas tolinhas, como tentar acertar a bola no buraco para fazer mais pontos ou tentar achar cards escondidos na piscina de espuma. Os desafios do RuPaul’s Drag Race pedem muito mais que sorte ou agilidade das participantes. Que tal, por exemplo, encarar um ensaio fotográfico debaixo d’água? Ou ver quem consegue falar o maior desaforo pra anfitriã do programa, para ganhar de volta um tapa cinematográfico? Ou, ainda, fazer uma maquiagem completa na mais total escuridão?
Pois é, esse não é um reality show qualquer. E é por isso que os fãs já estão enlouquecidos com a sétima temporada do RuPaul’s Drag Race All Stars, que estreia hoje, sexta-feira, na plataforma de streaming Paramount. Na edição All Stars, como sinaliza o nome, várias drags que ganharam as coroas em anos passados disputam para ver quem é a melhor das melhores.
E a gente pode esperar aí muitos desafios de costura, moda, maquiagem, atuação, canto e, claro, os lip syncs, provas em que as competidoras dublam uma música em uma batalha épica no fim de cada episódio.
O programa nasceu em 2009 e, desde então, já foram lançadas 14 temporadas oficiais e 6 temporadas All Stars. Além disso, o reality virou uma franquia, com versões em países como Espanha, Canadá, Itália, Holanda e Austrália.
Ou seja, o RuPaul’s Drag Race virou hit no mundo todo, lançando nomes como Bianca del Rio, Alaska e Shangela, e popularizando perucas, laces, contorno, maquiagens pesadas, shapewear, saltos altíssimos e roupas esculturais. Porque drag queens e a moda andam de mãos dadas há muito tempo, né?
Mas antes da gente falar mais dessa relação, vale fazer uma breve retrospectiva histórica da cultura drag, que começou bem antes de Ru Paul levar esse brilho todo pro mainstream.
Homens se vestem com códigos femininos desde a Grécia Antiga. No Japão, o teatro Kabuki, que bem nos primórdios era interpretado só por mulheres, passou a ser uma atividade exclusiva de atores masculinos, que se vestiam de mulheres para interpretar papéis femininos, e assim permanece até hoje.
No teatro Elisabetano, no final do século 16 e começo do século 17, quando as mulheres não podiam atuar nos palcos, os atores também tinham que fazer papéis de ambos os gêneros. Acredita-se também que a palavra drag vem daí, já que os vestidos usados arrastavam no chão, ou, em inglês, “drag along the floor”. Apesar de ser bem diferente do que é conhecido como cultura drag atualmente, estima-se que foi na época de Shakespeare que essa prática começou a se tornar comum.
A cena só ficou mais parecida com a que conhecemos hoje a partir dos anos 1970, em Nova York, com o fortalecimento da cultura Ballroom, que reunia – e reúne – a comunidade LGBTQIA+ em competições com várias categorias de dança, performance e looks.
Se você viu a série Pose ou o filme Paris Is Burning deve conhecer um pouco dessa história. Aliás, a gente também falou da cultura ballroom na terceira edição da ELLE View, a nossa revista digital mensal, e em um dos primeiros episódios do nosso podcast. Procure pelo episódio 6, batizado de “Moda é coisa de viado?”
Bom, também nos anos 70, o estadunidense Harris Glenn Milstead chocava os mais sensíveis com sua personagem Divine, que estrelou vários filmes do diretor John Waters. Nessa mesma época, por aqui, a gente teve as inesquecíveis Dzi Croquettes, que subverteram os padrões de gênero no palco em plena ditadura militar. Mas foi só lá por meados dos anos 90 que as drags começaram a mostrar seu poder para além do circuito alternativo.
Em 1994, a marca canadense M.A.C lançou a campanha Viva Glam, com RuPaul, em uma ação para arrecadar fundos para instituições que cuidam de pessoas com HIV e Aids. Hoje a campanha é considerada icônica e um marco para a beleza mundial – 25 anos depois, aliás, a campanha foi recriada com a modelo Winnie Harlow usando o mesmo look de RuPaul: peruca loira, corset e botas vermelhas.
Também em 1994, outro lançamento jogou os holofotes sobre as drags: foi a estreia do filme Priscila, a Rainha do Deserto, que foi um sucesso mundial e ganhou vários prêmios, entre eles, o Oscar de Melhor Figurino.
E falando em figurino: há tempos que a moda, a beleza e a cultura em geral pegam referências desse universo. Pense nos saltos com plataformas altíssimas usadas por Lady Gaga e outras cantoras. Ou nas cintas, usadas para acinturar os corpos mais quadrados dos homens, que voltaram a fazer parte do imaginário fashion das mulheres. Até as makes pesadíssimas das Kardashians nada mais são do que uma reprodução das técnicas usadas pelas drags para afinar e modelar o rosto.
Muitos estilistas gringos e brasileiros flertam com esse mundo e buscam nele inspiração pra sua arte. Por aqui, um dos mais conhecidos por fazer essa mistura é Alexandre Herchcovitch, que começou sua carreira vestindo drag queens e travestis da noite paulistana.
Em entrevistas, ele já disse que o que o interessava era “o poder de transformação daquelas pessoas. Como um homem que queria parecer com uma mulher podia conseguir isso através da roupa”.
Outro nome que também sempre teve nas drag queens uma fonte de inspiração foi Weider Silveiro. E ele conta um pouco aqui como se envolveu com esse universo:
“Pra mim, a figura da drag queen sempre foi algo inspirador e encantador. Eu me lembro que, quando ouvi falar da RuPaul pela primeira vez, lá no início dos anos 90, por coincidência numa revista Elle, eu fiquei encantado, surpreso e aquilo pra mim foi libertador. Conhecer o trabalho de um homem que transitava entre os gêneros e comunicava com o pop era algo pra mim realmente novo e libertador. RuPaul comunicava com todos, trazia uma estética com apelo de moda que ficou na minha cabeça. Pra mim, uma das imagens de moda mais fortes até hoje ainda é RuPaul em ‘Supermodel’. Desde então eu não deixei mais de olhar pro trabalho das drag queens. Várias são referência; já conhecia Lipsynca antes de RuPaul, mas Lipsynca ficava muito num universo teatral, de certa forma, ela não comunicava tanto com o pop. Depois eu tive contato com várias drags brasileiras que são inspiração até hoje, como Veronika, como foi Hillary, que eram minhas amigas. Existe uma galera nova que faz um trabalho lindo e que eu acho superbacana, como a Bianca della Fancy. Então, assim, esse universo sempre permeou meu eu criativo. Eu acho que a drag queen idealiza uma mulher, e até romantiza, e de certa forma eu acho que existe um eco disso no meu trabalho. Então. é isso, a drag queen realmente está presente no meu trabalho, na minha vida, eu já fui drag queen, eu já me montei. É uma sensação muito boa, realmente libertadora. Porque eu acho que, diferente da trans, que traz dentro de si uma mulher ou um homem, a drag ela se permite transitar nos dois universos sem definições maiores. Na verdade é mais lúdico e isso realmente me encanta.”
A relação das drags com o universo feminino é simbiótica – e, consequentemente, com a moda também. Muitas performers se inspiram em cantoras pop e em editoriais e desfiles de moda, e as estrelas pops, publicações e passarelas, por sua vez, também bebem na fonte das drags. É uma relação de troca, como fala Leyllah Diva Black, ganhadora do reality show brasileiro Queen Stars, da HBO Max, ao lado de Reddy Allor e Diego Martins.
“Eu acho que eu devolvo de certa forma pra sociedade, pra algumas mulheres, que tem nós drag queens como referência também de beleza. Quantas vezes já não chegaram em mim e perguntaram onde eu tinha comprado aquela blusa, aquela calça, onde eu tinha feito aquele cabelo… Eu acho que da mesma forma que nós nos inspiramos em mulheres – nem todas as drag queens se inspiram em mulheres, ta? existem outras vertentes, mas a minha drag é inspirada em mulheres, em grandes divas, então, eu tento entender o que essas mulheres estão usando, coloco isso da minha forma e acho que de certa forma a gente devolve isso pra elas e a gente vai fazendo uma troca. dessa forma eu também já respondo a pergunta de como os códigos drags estão difundidos no mercado: através de perucas, cílios, o exagero, o salto enorme… então a gente vê muitas mulheres adotando uma maquiagem mais forte. Acho que tudo isso tem a ver sim com a cultura drag e é só uma troca, né? Eu acho que a gente tenta se difundir na sociedade, algumas drag queen tentam parecer despercebidas mas sendo percebidas ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo que a gente quer parecer a maioria das pessoas, a gente tem uma identidade própria, né?”
Apesar da valorização dessas artistas ter aumentado bastante com a popularização trazida pelos reality shows, ela ainda está longe de ser ideal. Kitty Kawakubo, drag queen que trabalha também como peruqueira e já produziu alguns dos looks que você viu em editoriais de moda na ELLE Brasil, fala um pouco sobre essa relação.
“Como além de drag, eu também sou peruqueira e hair stylist, eu participo de trabalhos com moda e publicidade, e eu consigo ver um outro lado dessa indústria e eu percebo cada vez mais o quanto essa galera da moda, que eu também faço parte, tá de olho nas drags e no que a gente tá fazendo, nessa potência criativa. Eu achei muito bafo que a Violet Chachki falou que ela não curte muito quando uma drag reproduz um look da Versace, ou coisa assim, porque é a gente que inspira eles e não o contrário. E eu acredito muito nisso. A gente é essa potência criativa gigante, só que a gente tem uma força muito mais bruta, até pelo fato da gente vir do underground e tudo mais. Então, é um pouco mais difícil furar essa bolha, conseguir ter esse olhar mais editorial. É por isso também que vem esse desencontro, que vem essa falta de representatividade. Mas eu acredito muito que as revistas, os eventos, os desfiles precisam incluir mais a gente. Porque se a gente serve de inspiração, a gente também tem que estar lá podendo assistir. Se o desfile foi inspirado na gente, porque a gente não tá lá? Mas eu acho que é muito legal essa volta de fazer peruca para editorial porque eu assino meus trabalhos com meu nome de drag. E isso pra mim é muitto foda, porque é ver que meu trabalho como drag ta reverberando em outras bolhas, não só na cena noturna. A gente não existe só no fim de semana, ou só no mês da parada. A gente é potência criativa o tempo todo. E se você parar pra pensar, a gente sempre esteve na moda. A gente até agora não conseguiu um holofote tão grande, principalmente na moda brasileira, mas a gente sempre esteve na moda. Seja nas fotos da Nan Goldin até nas belezas, um zilhão de desfiles foram feitos pela Kabuki, que é uma drag super famosa de Nova York, tem uma série de estilistas e stylists que já foram drags também. É importante a gente olhar pra essa representação artística pra gente não apagar uma história de uma expressão artística tão queer, que é tão política e que não se resume a um programa de TV.”
Além de Weider Silveiro, outro nome do Brasil que mantém uma relação estreita com a cultura drag é Walério Araújo, que já prestou várias homenagens à cena queer em sua moda. Ele sempre trouxe as performers para desfilar suas coleções, estrelar seus vídeos e participar de suas campanhas – sua relação com o universo é única. E isso vem desde o início da carreira, como ele contou pra gente.
“Tudo começou muito por acaso, eu chegar em São Paulo e, por coincidência, morar com dois amigos. Um tava no processo de transição e a outra era drag. Coincidentemente, comecei a frequentar a balada que chamava Senhora Kravitz, que eu acho que foi nessa época que começou o movimento das drags. Como eu fazia as roupas da Elke, veio esse mailing das drags que eu considero as iniciantes da geração anos 90, porque antes veio as drags do Rio de Janeiro, Lola Batalhão, entre outras. Mas a geração dos anos 90 foi Jimmy k, Paulette Pink, Nany People, Veronika, Marcia Pantera, Divina Núbia, e eu tava convivendo com elas, frequentando a mesma boate, e de repente todas começaram a me procurar pra fazer a roupa delas.. Quando eu me vi já estava super envolvido, fazendo roupa especificamente pra elas, e o mailing ia aumentando.
Depois veio a coisa do Mercado Mundo Mix, que inclusive vou estar falando dessas feiras alternativas na minha próxima coleção. em antemão, já estou te adiantando o que vou fazer no SPFW na próxima coleção. Como eu participei de outras feiras como Mambo, Mercado Mundo Mix, entre outras, eu sempre tive esse movimento das drags comigo, me procurando pra fazer os looks delas. É uma mão de obra bem específica, pois cada uma quer inovar com um materiais inusitados, roupas de plástico, de metal, de ferro, de neon, de led… e eu tava sempre envolvido com elas e elas sempre apareciam nos meus desfiles, tanto nas feiras que eu participava quanto nas minhas estreias dos desfiles de moda. Elas estão sempre comigo.”
Bem, então, se você quiser conferir mais desse drag queen power, prepare a pipoca, que a nova temporada de RuPaul’s Drag Race estreia nessa sexta-feira, no serviço de streaming Paramount.
Ah, e fique de olho nas coleções de moda internacionais e brasileiras – tem muita drag dando pinta na fila A dos desfiles, como Violet Chachki e Miss Fame, as queridinhas de Miuccia Prada.
ELLE Impressa
E chegou de novo aquele grande momento que só acontece quatro vezes por ano: tem edição nova da ELLE Impressa na área!
É o Volume 8, que traz na capa a top brasileira Adriana Lima, belíssima, aos seis meses de gravidez. Apesar de ser o terceiro filho da Adriana, que já tem duas meninas, essa é a primeira vez que a modelo faz um editorial de moda grávida.
E olha que não foi moleza, viu? A sessão de fotos em Los Angeles, com a fotógrafa Josefina Bietti, durou quase nove horas! E Adriana aguentou firme, apesar de ter ficado com os pés destruídos no fim do dia, como contou na entrevista que deu pra gente um pouco depois.
Mas, como você vai comprovar nas nossas páginas, valeu a pena. Além desse ensaio incrível com a Adriana, a edição traz entrevistas exclusivas com o diretor de criação da Diesel e da Y/Project, Glenn Martens, com a estilista da Hermès, Nadège Vanhee-Cybulski, com o fotógrafo Bruce Weber e também com o cientista Sidarta Ribeiro.
E tem ainda as principais tendências de moda da temporada, fotografadas daquele jeito surpreendente que só a ELLE sabe fazer, novidades na beleza e na cultura, análises do que está rolando nas passarelas e muito mais.
O Volume 8 já está disponível pra compra no nosso site e também na lojinha da ELLE no Instagram. Não dá pra perder!
Cruise da Vuitton
Na última sexta-feira 13, a Louis Vuitton apresentou sua coleção cruise em San Diego, na Califórnia. Em um cenário brutalista, todo de concreto, Nicolas Ghesquière exibiu uma moda extravagante, com ares de deusa futurista e as formas exageradas que cria como ninguém.
Lucas Boccalão, nosso editor de moda, estava no desfile e conta um pouco sobre toda experiência – e, claro, sobre as roupas
“Eu não posso começar a falar desse desfile sem explicar que, desde a entrada do Nicolas na Louis Vuitton, ele criou essa tradição de que todo resort é desfilado numa locação onde tem uma construção emblemática da história da arquitetura contemporânea, moderna ou de períodos mais antigos. E ele usa isso como referência pra essas coleções, essa no caso aconteceu no Instituto Salk, que é um instituto de pesquisa biomédica. O fundador Dr. Salk criou uma das primeiras vacinas contra poliomielite e outras tantas descobertas. A fundação existe até hoje, é uma fundação de pesquisa sem fins lucrativos e a construção é um prédio brutalista icônico, uma das construções brutalistas mais importantes que a gente tem hoje em dia e a coleção reflete muito essa arquitetura clássica da Califórnia, que começou nos anos 1970 e se mistura um pouco com essas referências brutalistas, principalmente na textura das roupas. Então o desfile começa com tecidos que reproduzem essas texturas dos muros das rodovias de San Diego até LA, dos muros brutalistas ao redor da fundação, essa referência das texturas, ela culmina na ideia das armaduras que estão por baixo dos drapeados que dão a ideia de uma viajante, uma tuareg, que passeia pelo deserto, vai de um lado pro outro. A roupa tem um senso de proteção, de roupa de super herói, ombros inflados, as mangas colocadas de forma que exagera o shape do corpo. Então é uma roupa quase de uma guerreira, de uma mulher que mistura passado e futuro e presente, referências do repertório do estilista de outras épocas como Star Wars, filmes de terror que ele ama, roupas de performance que ele sempre usou como parte da pesquisa da construção das jaquetas de couro dele, que nessa coleção tem referências do motocross. Os acessórios dão esse tom de guerreira e de luta, principalmente as luvas que parecem um metal montado na mão mas são colocadas em cima de um material esponjoso que parecem luvas de corrida de moto. Os vestidos do início, que tem silhuetas históricas incríveis de costas afastadas, têm até uma referência do Cristobal Balenciaga. Eles aparecem em tecidos tecnológicos, esponjosos, sem estruturas embaixo. O styling sempre traz a roupa que é a roupa mais livre e mais conceitual, digamos, que ele possa ter feito desde o início dele na Vuitton e é muito emblemático que esse momento, que essa explosão criativa que ele tá tendo justamente nas coleções pós pandemia. Isso ele fala no backstage da coleção, que depois de todos esses dois anos de incerteza, de pânico, de tristeza, de muitas mudanças, agora é hora de sonhar e olhar pra frente.”
Gucci em Puglia
Outra marca que também apresentou a sua coleção de resort 2023 essa semana foi a Gucci, que escolheu Puglia, na Itália, para ser palco dessa nova coleção intitulada de Cosmogonie.
Para uma das apresentações mais ricas já feitas por Alessandro Michele, a locação foi igualmente impressionante: os modelos circundaram o Castel del Monte, um edifício octogonal do século 13, considerado um Patrimônio Mundial pela Unesco desde 1996.
Cosmogonie, ou cosmogonia, se refere aos mitos e fatos sobre a origem do universo. Um ponto curioso é que há uma série de questões enigmáticas envolvendo esse edifício construído durante a Idade Média e uma delas é que, acredita-se, ele foi concebido justamente para ser o centro do mundo.
Em resumo, a coleção tem toda aquela série de reuniões de épocas que só Alessandro Michele sabe fazer, mas, dessa vez, há uma pesquisa sobre religiões, crenças e ciência.
Por isso, tanto astronomia quanto matemática foram usadas como pilares para as construções dos looks. Pense numa costura que envolve a exatidão da geometria e um pouco de astrologia. Tudo, ainda com pitadas dos anos 1920, 1930, acessórios renascentistas, cores bizantinas, detalhes medievais e calçados romanos. Ainda houve espaço também para lingerie e um pouco do espírito punk que o designer tanto gosta.
Ponto curioso é que mais uma vez a ciência veio à tona durante a temporada cruise, assim como fez a Vuitton. Será que já dá para dizer que o antinegacionismo é uma tendência das passarelas? Em entrevista à imprensa, o designer disse, abre aspas. “Hoje, fazer moda não significa ser um alfaiate, ou criar uma narrativa com uma dimensão só. Montar uma coleção tem a ver com expressar sua ideia de mundo, porque a moda está conectada com a vida e com a humanidade. A moda não é só um hieróglifo que só as elites podem entender. É só a vida, fala diversos idiomas e é um coro do qual ninguém pode ser excluído”, fecha aspas.
Para quem ficou interessado: em elle.com.br você encontra uma análise super detalhada sobre essas referências todas no desfile da grife italiana.
A coleção de Paloma Elsesser
A modelo plus size e embaixadora da Victoria’s Secret Paloma Elsesser está lançando uma coleção de 54 peças em parceria com a Miaou, marca de sua amiga e parceira de trabalho Alexia Elkaim. Essa será a primeira vez que uma coleção da marca irá dos tamanhos XS a 4X, abraçando a inclusão de corpos.
No jantar para celebrar o lançamento, nomes como Precious Lee, Madeline Poole, Scarlett Costello e Ariella Starkman, usavam peças da coleção cápsula de alto verão. São corsets, blusas de alcinha, mini saias e vestidos colados no corpo, com bastante cor e estampas, que tem a cara do verão – e de Paloma também.
Tom Ford deixa a presidência do CFDA
E vai ter troca de poder no CFDA, o conselho de designers de moda dos Estados Unidos. A partir de 31 de maio, Tom Ford não será mais presidente do órgão.
Mas não tem nenhum drama ou conflito nessa mudança, não, viu gente. É só porque acabou o seu mandato de três anos nesse cargo.
No comunicado oficial, Ford disse que, quando assumiu a presidência do CFDA em junho de 2019, seu objetivo era ajudar a indústria de moda estadunidense a ser mais reconhecida mundialmente pelo seu talento e importância. Mas que ele não imaginava que a Covid-19 iria mudar as nossas vidas e o mercado para sempre.
Abre aspas para Tom Ford: “Alguns podem pensar que a moda é apenas fazer roupas e acessórios bonitos ou realizar desfiles, vestir celebridades e dar festas, sem levar em conta a incrível quantidade de trabalho que acontece nos bastidores, ou que a moda é uma indústria de US$ 3 trilhões que emprega milhões de indivíduos. Como presidente do CFDA, tive o privilégio de experimentar em primeira mão a notável determinação e otimismo que impulsionam nossa indústria”, fecha aspas.
Durante seu mandato, o estilista ajudou a fortalecer a Semana de Moda de Nova York e arrecadou US$ 5 milhões para ajuda humanitária durante os primeiros dois anos de pandemia com a iniciativa A Common Thread.
Ford permanece no conselho do CFDA. No verão no hemisfério norte, o órgão vai eleger seu novo presidente. Até lá, Steven Kolb, CEO do CFDA, assume o cargo interinamente.
Casa de Criadores
E antes da gente passar a bola pros nossos editores, só mais uma notícia rapidinha: a nova edição da Casa de Criadores já tem data: vai ser entre os dia 4 e 8 de julho, em formato híbrido, ou seja, com desfiles presenciais e digitais. Quem curte moda autoral e independente brasileira não pode perder.
Pílula de Beauté
E na pílula de beauté dessa semana, o nosso editor de beleza, Pedro Camargo, fala de uma nova marca de beleza que deve enlouquecer os fãs de uma série da HBO. Que novidade é essa, Pedro?
“E aí, gatinhas, tudo bem? E não é que finalmente veio ao mundo a marca da maquiadora de Euphoria? Eu sou fã enlouquecido da série e faço parte do coro quando dizem que a Doniella Davy, maquiadora responsável por Euphoria, meio que revolucionou a maneira como pensamos em maquiagem. Se hoje rabiscos coloridos, desenhos malucos e brilhos por todo lado são muito mais descolados do que o contornão e a make de bonita à la Kardashian, devemos algo a Donni Davy. Há algum tempo, ela vinha falando sobre o possível lançamento de sua própria marca e, agora que ele chegou, algumas polêmicas começaram a despontar. Os produtos são lindos, mega acessóveis, tem um preço legal e se você quiser saber mais sobre eles, corre em elle.com.br que contamos tudo por lá. Mas, o babado é que alguns deles tem nomes como “chromaddiction”, “glitterpill”, e etc. Nomes que fazem alusão ao vício ou a uso de drogas. A metáfora, não raro, é usada no mundo da beleza para descrever ou para dar nome a produtos, mas nesse contexto, apoiando-se na imagem de Euphoria que conta a história de personagens que sofrem tanto com esse problema, a brincadeira não conseguiu desviar das críticas. Em declaração à imprensa, a marca disse que condena a glamourização do uso ou abuso de substâncias. Que Chromaddiction tem a ver com o amor de Donni por cores fortes e que GlitterPill é sobre o formato do produto e nada mais.”
Dica Cultural
E para finalizar o episódio de hoje, nossa editora de cultura, Bruna Bittencourt conta quais são as novidades no mundo da música. Conta mais, Bruna!
“Foi uma espera de cinco anos, mas nas sexta-feira passada, 13 de maio, Kendrick Lamar lançou seu quinto e novo álbum, Mr. Morale & the Big Steppers, o que já é um dos grandes acontecimentos de rap do ano. Seu penúltimo álbum Damn, de 2017, lhe rendeu um Pulitzer, o único rapper até hoje a receber o prêmio.
No novo álbum, ele conta com participações como Beth Gibbons (vocalista do Portishead) e o rapper Ghostface Killah. Kendrick aparece na capa usando uma coroa de espinhos e uma arma na cintura, acompanhado dos dois filhos e da mulher.
Kendrick Lamar – The Heart Part 5
www.youtube.com
Quem também lançou disco na sexta-feira passada, A light for attracting attention, foi The Smile, a banda de Thom Yorke e Jonny Greenwood, vocalista e guitarrista do Radiohead, acompanhados pelo baterista Tom Skinner. O grupo, que nasceu no lockdown, está em turnê pela Europa. E tem matéria sobre eles no site da ELLE.
The Same
www.youtube.com
E quem lança disco nesta sexta feira, 20 de maio, é Harry Styles. O cantor mostra seu terceiro trabalho, Harry’s House, gravado ainda entre 2020 e 2021. O inglês, que foi recentemente headliner do Coachella, sai em turnê mundial e passa pelo Brasil em dezembro, onde toca em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Por aqui, a gente fica com “As It Was”.”
Harry Styles – As It Was (Official Video)
www.youtube.com
Este episódio usou trechos das músicas Condragulations, de RuPaul, cantada por The Queens; I’m coming out, de Diana Ross; Finally, de CeCe Peniston; Farewell, de Rihanna e trechos dos desfiles de resort 2023 da Louis Vuitton e da Gucci.
E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.
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Agora, bora sextar. Até semana que vem!
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