Por que amamos Jonathan Anderson?
No último domingo, dia 19, Jonathan Anderson apresentou seu verão 2023 em Milão. E, como tem acontecido com certa frequência na carreira desse estilista, foi ovacionado de pé. Neste episódio, a gente pega uma carona no sucesso desse desfile e conta um pouco da história do estilista irlandês que tem uma marca própria, a JW Anderson, e também é diretor criativo da espanhola Loewe.
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Quem acompanha os desfiles internacionais já sabe: quando tem apresentação de Jonathan Anderson no line-up, a gente já sabe que vai vir algo surpreendente por aí. Foi assim no verão 2022, no inverno 2022 e de novo, agora, na coleção resort da sua marca JW Anderson, na semana de moda masculina de Milão.
Dessa vez, o estilista brincou com a modernidade da moda. Em entrevista no backstage, ele disse: “A moda é um instrumento muito moderno. Mas ela não é um ato moderno.” Brincando com essa afirmação, ele aplica guidões de bicicleta, CDs, skates quebrados e luvas industriais nas peças, que poderiam ser básicas até, se não fosse pelo olhar de Anderson.
Essa reinterpretação quase sem limites sobre itens essenciais, como se eles tivessem sido colocados sob uma lente surrealista, é um dos alicerces da marca. Ele mostra que essa tal modernidade pode ser usada facilmente, é só querer. Nesse desfile, também chamaram a atenção suas versões femininas de regatinhas e saias de cintura baixa, quase no joelho, que aparecem em forma de vestido, e a estampa pop de uma criança comendo uma maçã.
Mas de onde vem toda essa linguagem e imaginário absurdos que o estilista integra à sua moda? Para entender isso, é preciso voltar ao começo.
Jonathan Anderson nasceu na cidade de Magherafelt, na Irlanda do Norte, em 1984, e passou sua infância e adolescência entre o país natal e Ibiza, na Espanha. Quando completou 18 anos, ele se mudou pra Nova York para tentar a vida como ator. Chegou até a frequentar a famosa Juilliard School, mas acabou se interessando mais pelo figurino do que pela atuação. Isso não exclui, é claro, sua adoração pelo espetáculo, que acaba sendo traduzida nas roupas que cria tanto para sua marca homônima quanto para a Loewe.
Pouco tempo depois, Anderson retornou à Europa, mais especificamente, a Londres, e se matriculou na London College of Fashion, onde se formou em 2005. A partir daí, tudo começou a acontecer bem rápido.
Seu primeiro emprego na moda foi como visual merchandiser na Prada, trabalhando diretamente com Manuela Pavesi, braço direito de Miuccia Prada. Em 2008, ele lançou sua primeira coleção de moda masculina, que foi bastante aclamada pela crítica especializada e, em 2010, criou sua primeira cápsula de roupas femininas.
No mesmo ano, ele recebeu um patrocínio do British Fashion Council e desfilou pela primeira vez na Semana de Moda de Londres. Em 2012, a JW Anderson fez uma parceria com a fast fashion Topshop, que foi o maior sucesso e se esgotou em apenas algumas horas.
Ainda em 2012, ele foi escolhido por Donatella Versace para substituir Christopher Kane na linha Versus, da Versace, um match improvável, mas que mostra como ele já era adorado no meio. Em setembro de 2013, o grupo LVMH comprou parte minoritária da JW Anderson e o nomeou como diretor criativo da Loewe.
Ufa, quanta coisa, né? E esses são só os primeiros passos do estilista na indústria. Desde então, ele vem construindo caminhos bastante interessantes e distintos nas duas marcas em que atua.
Em entrevista à Another Magazine, em setembro de 2019, ele compara as duas etiquetas pela primeira vez: “Eu sempre vi a JW como uma agitadora cultural, enquanto a Loewe é uma paisagem cultural. Uma cria anarquia e a outra está lá para destila-la. Eu acho que a mulher da JW Anderson é quem eu sonharia ser. Eu adoraria andar pela rua de capa e um chapéu. Gostaria de ter o corpo, a ideia e a convicção pra fazer isso. Enquanto isso, a Loewe é muito parecida comigo, como mulher, de alguma forma. É mais fácil.”
Na sua etiqueta própria, Jonathan Anderson apresenta algumas das coleções mais empolgantes de todas as Semanas de Moda – e isso tem sido um padrão há alguns anos. O estilista costuma abordar a criatividade de maneira lúdica, livre de moldes sociais, como se uma criança estivesse redesenhando conceitos clássicos. E isso não se resume apenas às roupas.
Durante a pandemia, ele se esforçou para desbravar novos formatos além do fashion film. Criou, por exemplo, o Show In a Box: um telegrama com pôsteres, livrinhos, cartas e cartões enviado à casa de celebridades, editores de moda e compradores da marca.
No verão 2022, ele apresentou um calendário clicado por Juergen Teller, colaborador de longa data do estilista. Era uma espécie de paródia do Calendário Pirelli, em que as modelos seminuas e as poses à la pin-up foram substituídas pelo próprio fotógrafo em autorretratos.
Para ajudar a entender esse universo sem limites de Jonathan Anderson, a gente conversou com o pesquisador de tendências de moda e comportamento Cássio Prates, que falou um pouco sobre essa relação do estilista com o mundo que o circunda:
“Entendendo e olhando e reolhando e sendo super admirador do trabalho do Jonathan Anderson, e pensando nessa relação dele com as tendências do mercado de moda, eu acho ele espertamente um grande tradutor de tendências, porque eu acho que ele pega muitas coisas que tão acontecendo no mundo, consegue misturar como poucas pessoas um cenário de arte contemporânea com colaborações, até chegar em um fast fashion da Uniqlo, por exemplo. Eu acho que ele tem um outro super trunfo em relação a esse lugar de tradutor que é isso aparecer não somente na roupa, mas também como um meio e como uma mensagem. Durante a pandemia, ele transformar um show num jornal, numa caixa, ele entender os movimentos e as necessidades do mercado e expandir isso para uma mídia, para um conceito, que dá pra ele, como ele mesmo fala, uma visibilidade onde ele precisa usar a mídia de forma inteligente pra que ele consiga chegar em lugares que grande marcas chegam e eu acho que ele chega.
E você consegue ver isso no trabalho dele desde o início, você vê ali no início do trabalho da marca masculina dele, tem algumas boas referências de Prada, de Marni, que ele transforma de um jeito e remolda isso em um shape único que é só dele, muito indo pra um caminho de não-binarismo, como um tradutor também desse movimento, até chegar nos dias de hoje e conseguir fazer isso hoje e de chegar nesse papel de um grande tradutor na marca dele, na Loewe, nas colabs que ele faz, seja na collab super high fashion, na Moncler, ou uma collab com a Converse e nas coleções dele com a Uniqlo também.”
Já na Loewe, casa espanhola conhecida pelos seus artigos de couro, Anderson também está operando uma revolução, ainda que mais silenciosa, por assim dizer. E a gente pode ver isso claramente nos seus dois últimos desfiles.
O primeiro, de verão 2022, no seu retorno às passarelas físicas, foi uma das melhores apresentações dos últimos tempos. Após dois anos de eventos digitais, Jonathan propôs algumas rupturas nas roupas. Pense em um vestido com uma estrutura retangular protuberante na cintura ou em um triângulo despontando debaixo do peito. Ele exibiu também placas de metal com desenho sinuoso, numa espécie de armadura, além de fendas que, quando olhadas de perto, são buracos em vestidos de paetê. Nos pés, ovos quebrados, esmaltes e sabonetes faziam as vezes de saltos em sandálias de tiras. Tudo bem surrealista, como ele adora – e sua cliente também.
No inverno 2022, as coisas ficaram ainda mais surreais. A passarela teve silhuetas de carros de brinquedo presos na barra de vestidos, top em formato de boca, scarpins sob segundas peles e bexigas presas sob faixas de tecido nos looks.
Além de todas essas viagens, também chamaram a atenção os tops e vestidos feitos em uma impressora 3D. Nas fotos, eles pareciam ser feitos de tecidos esvoaçantes, mas, ao assistir ao vídeo do desfile, você percebe que, na verdade, eles eram peças rígidas.
Para além das loucurinhas, também teve muita roupa usável, que pode sair da passarela direto pras ruas, e que agrada desde os fashionistas mais devotos do estilista até a mulher que quer um look elegante. Anderson faz esse balanço muito bem.
Falando um pouco sobre os “leather goods”, os acessórios em couro, que são especialidade da Loewe, Anderson também arrasa. No seu primeiro ano na marca espanhola, ele criou a Puzzle Bag, meio por acidente, como costuma contar em entrevistas. O estilista diz que ela é uma união de vários estilos diferentes de bolsa e, quando foi lançada, não fez tanto sucesso. Em alguns meses, no fim de 2014, ela estourou e virou hit, e acabou sendo remodelada em várias cores, materiais e texturas a cada ano. Hoje é a bolsa mais vendida da etiqueta.
Nosso editor de moda Luigi Torre, fã confesso do estilista, também comenta um pouco desse trabalho à frente da Loewe:
“A entrada do Jonathan Anderson na Loewe é um caso bem peculiar e bem interessante na verdade porque a marca, que é quase como uma Hermès da Espanha. Não tinha um repertório imagético muito rico, ou pelo menos muito conhecido. Isso fez com que o estilista tivesse uma abertura muito grande pras propostas e pras mudanças que ele queria implementar lá dentro. Além disso, ele também sempre teve, na marca dele e na Loewe principalmente, uma fome e uma avidez comercial muito grande e muito intensa. Apesar da parte criativa ser extremamente marcante, bastante conceitual, até, apesar de essa palavra ser um pouco complexa, ele tem um tino comercial muito apurado e muito aguçado, isso faz com que ele começasse a casar campanhas com personalidades não exatamente mainstream, mas que estavam começando a estourar, pensar novas formas de comunicação, não só na campanha e no anúncio, mas também nas lojas, nas ações dentro das lojas, na disposição dos produtos, pensando em coleções cápsula, em produtos e linhas especiais para determinadas partes do mundo, para comercialização específica, como o verão europeu. Mais interessante ainda foram os últimos anos, na pandemia, que eu acho que o Jonathan Anderson ficou um pouco mais ainda incomodado com a maneira padrão como as coisas vinham sendo feitas.
Enfim, ele fez várias outras maneiras de apresentar uma coleção que não era necessariamente um vídeo de moda, aquela coisa meio chata e enrijecida. E depois que os desfiles voltaram, ele também chegou com o pé na porta, sentindo que a única forma de evoluir, ou pelo menos tentar procurar coisas diferentes, era desconsiderando completamente o que a gente entende por roupa, como roupa padrão, modelagem clássica ou comum. Ele começou a buscar muita informação e referência nas artes. Então, ele é uma pessoa muito culturalmente rica e que sabe traduzir muito bem esses elementos pra roupa, de um jeito nada óbvio e muito criativo.”
Outros dois mundos que são misturados de forma interessante no trabalho de Jonathan Anderson são as ruas, as obsessões jovens e a arte contemporânea. No inverno 2022 da Loewe, ele colocou as abóboras gigantes da artista Anthea Hamilton no meio da passarela, simbolizando aquela dicotomia entre o rígido e o molenga. Outro bom exemplo foi o live streaming de seu show masculino de inverno 2016 no aplicativo de pegação gay Grindr, para milhares de homens que estivessem online na hora.
Além disso, a Loewe já fez exposições tanto no Salone del Mobile, em Milão, quanto na Art Basel, em Miami, e suas lojas funcionam como galerias de arte grande parte do tempo. Anderson também foi o responsável pela criação do Loewe Craft Prize, uma premiação que celebra o trabalho de artesãos do mundo inteiro.
Nas roupas, ele faz essa mistura entre arte e cultura pop de forma ainda mais orgânica, como Cássio Prates explica aqui, citando a coleção cápsula lançada pela Loewe em 2018, estampada com obras do artista David Wojnarowicz, ativista na luta contra a Aids, que morreu em 1992.
“Por último e, não menos importante, eu acho que tá muito na habilidade que ele tem de misturar universos de cultura pop, de cultura jovem com arte contemporânea. Aí você vê ali uma referência de um trabalho de um artista que chama a atenção para um cenário de HIV dos anos 90, só que isso colocado num silk superjovem e com uma estética super skatista, você vê todas essas misturas aparecerem num look só. Um surrealismo, como na última coleção, mas dentro de um shape de um look que é superesportista e tá súper de acordo com o que os jovens estão usando e com ta acontecendo a toda hora no Tik Tok”
Bom, como você viu, não é à toa que o Jonathan Anderson tem um verdadeiro fã-clube na redação da ELLE. Se quiser se surpreender a cada temporada, olho nele!
ELLE View traz marcas do MovimentoELLE
Tem edição nova da ELLE View no ar! E o destaque do mês é um ensaio de moda muito especial, produzido com as marcas que participaram do MovimentoELLE.
Se você ainda não conhece o MovimentoELLE, esse é um projeto solidário criado pela ELLE, em parceria com o Sebrae, que tem o objetivo de impulsionar o desenvolvimento sustentável entre pequenos empreendedores de moda.
A iniciativa foi lançada no final de 2020 e acaba de finalizar a sua segunda edição, que contou com 22 marcas. Sediadas em diferentes cidades do país, essas empresas provam que é possível fazer moda no Brasil com originalidade, comprometimento social e em linha com a sustentabilidade.
Ao longo do projeto, as marcas participaram de encontros e palestras com grandes players, que passaram dicas valiosas para se firmar nesse mercado, que não é nada fácil, e alavancar os negócios. Ao todo, foram 16 eventos com nomes como a estilista Patricia Bonaldi, os sócios da marca de streetwear Pace, Felipe e Juliana Matayoshi e o maquiador Helder Rodrigues. Teve até uma aula exclusiva com a designer belga Iris Van Herpen.
Essa aula com Iris, por sinal, foi um dos momentos mais marcantes do projeto para Angela Brito, estilista cabo-verdiana radicada no Rio de Janeiro.
“Da Iris Van Herpen não vou nem falar, porque sou fã, fã, fã, sou absolutamente fã. Então, ouvir ela falar e entender que você pode ter, sim, uma marca com estrutura de ateliê, com pouca gente trabalhando nela, que sempre foi o meu planejamento e a minha ideia desde o início: ter poucas pessoas trabalhando na marca, mas pessoas que trocam, que agregam, que somam, que acreditam, que têm a mesma visão sobre moda, sobre futuro, sobre como construí-la. E ainda assim todos terem uma vida confortável e terem um propósito, e ganharem bem. Então, eu vi que é possível manter uma estrutura de ateliê e ainda assim fazer grandes coisas e atingir lugares que você nunca pensou. Enfim, foi muito inspirador também.”
Em conversa aqui com a gente, Angela contou que participar do MovimentoELLE foi um divisor de águas para ela.
“Pra mim, existe uma Angela Brito antes e Angela Brito depois. Porque realmente me fez mergulhar e olhar pra coisas que eu olhava, mas olhava de um jeito meu, sem muita orientação. E hoje em dia eu me peguei na necessidade de estudar realmente, e foi o que eu fiz nesses últimos seis meses: aproveitar pra estudar muito sobre tudo o que a gente conversava, sobre tudo o que meu consultor me passava. E a gente está notando diferenças reais dentro da marca nesse sentido. Foi realmente um divisor de águas pra minha marca.”
Quem também curtiu muito a experiência e falou sobre a sua participação no projeto foi o estilista David Lee, do Ceará.
“Participar do MovimentoELLE foi uma experiência maravilhosa, muito enriquecedora pra mim. Eu já tive oportunidade de outros projetos similares, no quesito de troca, com outros empreendedores e contato com outros tipos de players da indústria da moda, mas o MovimentoELLE foi bem diferente. Eu acredito que me fez olhar de uma forma muito interessante e acolhedora pro meu trajeto de marca. A gente acaba adquirindo uma rotina, uma certa forma de ir indo. As coisas vão acontecendo de forma até acelerada, onde a gente não consegue olhar com tanta calma e a forma devida que deve ter. E o Movimento me proporcionou isso: olhar de novo de uma forma tão carinhosa e importante como a gente deve estar olhando para o nosso trabalho, e no quesito de gestão e outros pontos que são tão importantes para que o negócio possa ser sustentável em todos os ângulos, tanto financeiramente, quanto socialmente. E o Movimento me proporcionou isso.”
Então, nesta edição da ELLE View, você vai poder conferir o ensaio fotografado por Paulo Wainer com as criações de Angela Brito, David Lee e as outras 20 marcas participantes do MovimentoELLE. Olha que lista boa: Açude, Amazônia Ancestral, Apoena, Ateliê Mão de Mãe, CerraD’ouro, Estúdio Nuda, Depedro, Flavia Amadeu, Florent, Hana Khalil, Lourrani Baas, Mile Lab, Nalimo, Nuz, Projeto Fio, Santa Resistência, Silvério, Singa, Viva Celina e Volta Atelier
Bom, e além desse editorial de moda belíssimo, a ELLE View de junho tem várias outras reportagens imperdíveis. Como as entrevistas com a atriz Alicia Vikander, da série Irma Vep, e com a maquiadora da série Bridgerton, Erika Okvist, em que ela revela truques de maquiagem usados no set. A edição traz ainda um bate-papo com o músico Tim Bernardes, tendências de moda , de beleza e muito mais.
Agora, a melhor notícia: excepcionalmente, pra comemorar o sucesso do MovimentoELLE, a ELLE View de junho vai ficar aberta para não assinantes. Mas é só até domingo! Então, corre lá pra não perder essa chance e acesse a nossa revista digital.
Harry Styles e Gucci
E uma amizade pesadíssima do mundo da moda acaba de virar uma coleção de roupas.
Na última segunda-feira, dia 20 de junho, a Gucci anunciou uma colaboração entre Harry Styles e o diretor criativo da marca italiana, Alessandro Michele.
Chamada de Ha Ha Ha, isso mesmo, a risadinha que a gente usa nas trocas de mensagens, a parceria faz alusão o tempo inteiro à amizade entre o cantor e o estilista. H e A são as iniciais dos dois e a risadinha é a maneira como eles sempre terminam as suas conversas, acompanhadas também daquele emoji que chega a chorar de tanto rir.
Essa relação aí entre Styles e Michele existe desde 2017, quando o cantor decidiu sair da boyband que ele participava, a One Direction, pra seguir com carreira solo.
E quem acompanha Harry Styles sabe que essa carreira solo do britânico em muito se confunde com a trajetória de Michele na Gucci. O cantor começou a usar as peças vintage e unissex em suas turnês bem como nos tapetes vermelhos. Que não se lembra, por exemplo, do MET Gala de 2019, quando Styles vestiu uma camisa boudoir preta e transparente, com direito a renda e babado? Isso aconteceu logo depois do cantor estrelar também uma campanha da Gucci de Michele, em 2018.
“Harry Styles tem um senso de moda incrível, é obcecado por roupas. E mantém um arquivo com esboços que facilmente poderiam ser de um designer. Fora que ele é muito livre e representativo dessa nova geração que se interessa por tantas coisas.”, disse Michele sobre essa nova parceria:
As peças dessa dobradinha têm uma vibe de anos 1970 e conta com elementos que lembram um pouco o vestuário masculino inglês de época — uma homenagem ao país natal de Styles. Há ainda um ou outro motivo mais fofinho, como desenhos de cerejas, ovelhas e um broche de ursinho.
Essa coleção cápsula chega as lojas da Gucci em outubro.
Semana de Moda de Milão
E essa novidade da Gucci que a gente acabou de contar aconteceu durante a Semana de Moda Masculina de Milão. O evento rolou entre os dias 17 e 21 de junho, a última terça-feira.
E se a Semana de Moda de Londres, que a gente citou na semana passada, foi marcada por altos nem tão altos assim, a semana italiana veio pra comprovar que, na verdade, a temporada está mais básica do que nunca, com roupas simples e necessárias, no lugar de grandes shows e looks pretensiosos.
E isso não significa que não houve destaque. Muito pelo contrário, a gente inclusive decidiu falar no começo desse episódio da nova coleção do Jonathan Anderson, que foi apresentada justamente durante a semana milanesa.
O que acontece é que a logomania foi completamente descartada, aquele visual meio caça-curtida de Instagram foi deixado de lado, para entrar no lugar uma roupa que é bem mais despreocupada e tem a qualidade do material, a riqueza de texturas, o corte e a modelagem protagonizando a cena.
Na Fendi, onde o masculino é assinado por Silvia Venturini Fendi, o ponto alto ficou por conta dos casacos longos em tons de marrom e bege, das calças jeans bem largonas e com as barras desfiadas, além das camisetas e camisas folgadas e a alfaiataria relaxada, ainda que com caimento bastante preciso.
Tanto Giorgio Armani, quanto a Zegna fizeram igualmente uma boa seleção daquilo que é primordial no guarda-roupa masculino, mas, agora, com uma dose ainda maior de fluidez. Pense em cores naturais, tecidos mais gostosos de usar, aquela roupa confortavelmente chique.
Já na Prada, o que fugiu do comum foi a proporção, principalmente a dos shorts de couro bem mini, que foram usados com camisas de manga longa ou casacos de chuva xadrez. Fora isso, a alfaiataria em tons clássicos predominou, assim como outros itens funcionais, tal qual jaquetas e calças jeans, além de uma bota-desejo de bico fino que é pau pra toda obra.
Em resumo, essa semana basicona parece refletir muito mais o fato de que as marcas decidiram nesse período pós-vacina e de recém abertura pro mundo que é hora de fazer boas roupas e dar a opção para os seus clientes criarem em cima disso, escreverem o visual e a personalidade que bem entenderem.
Daniel Arsham
Imagine você ter uma peça de roupa que é assinada por um artista. Literalmente, um artista plástico, que decidiu criar um novo projeto e que, no caso, é uma marca de roupas.
É isso o que está rolando agora, com o artista contemporâneo Daniel Arsham.
O nova-iorquino é conhecido principalmente por suas esculturas com aspecto de que foram alvo de ataque, alvejadas por tiros e pela degradação da natureza.
Em seu trabalho como escultor ele geralmente seleciona figuras bem reconhecíveis e atuais, como personagens do Pokemon, mas que sob a sua interferência ganham um jeito de ruína, como se esses itens fossem descobertos daqui centenas de anos.
Pois bem. No dia 22 de junho, durante a Semana de Moda de Paris, que engatou logo depois da Semana de Moda de Milão, o artista revelou o seu mais novo projeto: a Objects IV Life. No caso, existe aí uma brincadeirinha com o nome da marca. O “for” é um 4 escrito em algarismo romano. Ou seja, IV.
A marca, de acordo com Arsham, tem como objetivo constituir um guarda-roupa com uniformes para um modo de vida criativo. As peças foram desenhadas entre Nova York e Londres e são fabricadas em Portugal e Los Angeles. O destaque é que tanto denim quanto os acessórios são frutos de upcycling.
Chamada de Chapter 001, ou capítulo, a primeira leva de roupas são para todos os gêneros e se dividem entre calças de caimento reto, jaquetas em formato de camisa com dois bolsos quadrados na frente e alguns moletons.
Esta, no entanto, não é a primeira experiência de Arsham com o mundo da moda. Pelo contrário, várias marcas já curtiam o visual pop de seu trabalho e o chamavam para colaborar. Ele já trabalhou para a Dior Homme, de Kim Jones, em uma coleção cápsula de 2020 e assinou parcerias com Rimowa, Tiffany, Adidas e Uniqlo.
Isso fez com que Asham ganhasse, inclusive, uma visibilidade a ponto de ganhar a alcunha de um Virgil Abloh das artes plásticas. Não à toa, as suas obras estão não só em galerias tradicionais, como também na Kith, que é uma plataforma de venda de roupas e objetos do universo do streetwear.
A nova marca de Arsham é uma joint venture com a londrina Tomorrow, uma espécie de aceleradora de marcas que oferece investimento e acesso à serviços, de produção à distribuição. A Tomorrow trabalha com uma lista de grifes emergentes como Martine Rose, que nós falamos em nosso último episódio, além da Loverboy, de Charles Jeffrey e a Coperni.
Na equipe da Objects IV Life já tem gente de portfólio estrelado, como o ex-diretor de design da Acne Studios, Matthew Grant, e a ex-diretora de marketing da Burberry, Judy Collison. Em resumo, etiqueta para ficar de olho e que promete.
Revlon entra com pedido de recuperação judicial
E uma notícia envolvendo uma gigante do mercado de beleza sacudiu o setor na semana passada. A Revelon, que teve seu auge nos anos 90, entrou com pedido de recuperação judicial na quinta-feira, 16.
Fundada em 1932 nos Estados Unidos, a empresa está presente hoje em mais de 150 países. Anos atrás, ela chegou a alcançar o segundo lugar na venda de cosméticos mundiais, mas hoje ocupa apenas a 22a posição.
Um dos motivos apontados pela companhia para a crise foram as dificuldades de se obter matéria-prima para a fabricação dos produtos, que se agravou com a pandemia de Covid-19.
Analistas apontam também que a Revlon sofreu com o surgimento de novos concorrentes, como a Fenty Beauty, de Rihanna, a Kylie Cosmetics, de Kylie Jenner, e outras marcas ligadas a celebridades. Em 2021, a Revlon registrou uma queda de 22% nas vendas, em comparação aos números de 2017.
Com o pedido de recuperação judicial, que, na prática, protege a empresa dos credores, a Revlon espera ganhar fôlego para continuar no jogo. Assim que o recurso for aprovado, a empresa deve receber 575 milhões de dólares em financiamento.
Enquanto isso, a produção continua normalmente, então, se você tem apego a alguma cor de esmalte, batom ou tintura da Revlon, não precisa se desesperar, porque eles não vão sumir das prateleiras.
Em comunicado ao mercado, a CEO da companhia, Debra Perelman, declarou: “O pedido de hoje permitirá que a Revlon ofereça aos nossos consumidores os produtos icônicos que entregamos há décadas, ao mesmo tempo em que fornece um caminho mais claro para nosso crescimento futuro.”
Pílula de Beauté
E enquanto o nosso editor de beleza Pedro Camargo está de férias, a nossa repórter de beleza e sociedade, Ísis Vergílio, traz a nossa pílula de beauté da semana. Você que já desbravou o universo do TikTok sabe que a rede está cheia dos truques de maquiagens. Mas será que eles funcionam mesmo? A ELLE tirou alguns deles à prova.
“E aí time ELLE Brasil! Voltei, e essa é para os aficcionados por beleza. Se você é um desses, já deve ter tropeçado em alguma dica infalível do TikTok. A rede tem se mostrado nos últimos tempos um point de tendências no mundo da beleza com os mais variados truques e testes de produtos. Agora, a pergunta que não quer calar: blush como corretivo, esponjinha congelada… faz sentido ou é tudo caça like?
Entre as tendências que pipocam por lá, aparecem vídeos que ensinam a colocar a esponjinha no congelador antes de passar no rosto, sobrancelhas modeladas com sabonete de glicerina, e ainda usos inusitados de ferramentas diversas na aplicação de maquiagem. E para desvendar a real eficácia de algumas técnicas, a repórter Ana Luiza Cardoso convidou duas maquiadoras profissionais para analisarem esses fenômenos de beleza que mudam o TikTok cotidianamente. A minha língua tá coçando pra dar o spoiler, mas eu convido você, nosso ouvinte, a ir lá no nosso site pra conferir os mitos e as verdades do universo de beleza no TikTok.“
Dica Cultural
E para finalizar o episódio de hoje, a nossa editora de cultura, Bruna Bittencourt, lembra do aniversário de um pilar da cultura brasileira e dá a dica: vem série documental sobre ele e toda a sua família aí. Conta mais, Bru!
“No próximo domingo, 26 de junho, Gilberto Gil completa 80 anos. Um dos maiores nomes da música brasileira, ex-ministro da Cultura, membro da Academia Brasileira de Letras, este canceriano já foi da sanfona à guitarra, da disco ao reggae em 60 anos de carreira, e nos deu a honra de ser capa da ELLE, em 2020.
Para marcar os 80 anos do compositor, estreia nesta sexta, 24, no Amazon Prime Video, Em casa com os Gil, série dirigida por Andrucha Waddington, que registrou toda a família em sua casa na Serra Fluminense, durante 15 dias, em junho de 2021.
A segunda temporada da série sobre o clã será gravada durante a turnê da família Gil, “Nós, a gente”, que percorrerá nove países da Europa até julho. Tem entrevista com Flora Gil falando da série e esse convívio do clã no site da ELLE, clica lá.
Do streaming para os livros, uma nova edição ampliada de Todas as letras ganha lançamento pela Companhia das Letras. A publicação traz mais de 400 composições de Gil, com organização de Carlos Rennó, em cronologia e com centenas de comentários do autor sobre as letras.
Já o Google Arts & Culture lança O ritmo de Gil. A mostra digital traz mais de 41 mil imagens e 900 vídeos e gravações do compositor. Entre os destaques está um álbum de 1982, gravado em Nova York, que acabou perdido em sua volta ao Brasil e chega ao público pela primeira vez.
Para terminar, a gente fica, claro, com ele: Gil!”
Toda Menina Baiana
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Este episódio usou trechos do desfile de resort 2023 da JW Anderson, dos desfiles de verão e inverno 2022 da Loewe, e das músicas Smalltown Boy, do Bronski Beat; Time After Time, na voz de Sam Smith; Music for a Sushi RestaurantI Like to Move It, de Real 2 Real; Youth Against Fascism, de Sonic Youth; Futuros Amantes, de Chico Buarque; Break My Soul, de Beyoncé.
E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.
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Agora, bora sextar. Até semana que vem!
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